quinta-feira, agosto 17, 2006

Sociedade anónima

Publicado quarta-feira, 16 de Agosto de 2006 15:49
por Expresso Multimedia

Reginaldo Rodrigues de Almeida
Prof. universitário e autor

Na máquina do tempo, durante séculos, a enciclopédia da vida habitualmente traduzia uma realidade bem mais linear e cómoda que a actual, ou seja, na velha ordem económica e social, antes das denominadas auto-estradas da informação o mundo analógico promovia a sabedoria, verdadeiro passaporte para a “méritocracia” da álgebra do sucesso de todos aqueles que pensavam mais e melhor e consequentemente tinham uma mais esclarecida capacidade de intervenção sobre o mundo à volta.

A alta-cultura, o rendilhado da verve e a troca epistolar de alguns deixavam muitos boquiabertos tal era o grau de inteligência pressentido. Aliás, várias teorias sociais apontavam mesmo para predestinados, verdadeiros «meninos-prodígio» com capacidades inatas para as diferentes mais-valias e num ápice encontravam soluções que o muito trabalho e o suor do rosto na versão bíblica não permitia alcançar.

Todavia, no zapping de agora tudo mudou. A adrenalina e o «tic-tac» do ritmo vertiginoso das TIC criou o mundo digital, o mundo da Nova Economia, o mundo do conhecimento à distância de um clique e assim, na última vintena de anos, expressões como «capital intelectual», «geração W» ou «gestão de pessoas e processos» ganharam uma acuidade de tal ordem que obrigam incessantemente a complexos raciocínios geométricos em detrimento das meras análises aritméticas do passado.

Nos dias de hoje, nas empresas e na vida, os mais bem apetrechados intelectualmente já não são os sobredotados (se é que eles alguma vez existiram) mas sim aqueles que trabalham o conhecimento e as perícias profissionais adquiridas através da muita (por vezes demasiada) informação disponível em infinitos suportes.

No entanto, rapidez e presença ubíqua para, por exemplo, através da web estar em vários locais do planeta em simultâneo não são necessariamente sinónimos de qualidade intelectual, tão simplesmente reagentes que podem acelerar uma fórmula de sucesso e aguçar vontades para o esforço de quem quer saber mais e aposta na permanente formação contínua.

Convém não esquecer que as TIC só ensinam e ajudam quem tem condições preexistentes de aprendizagem e, se muito é o conhecimento científico que nos podem conferir, não menos certo é que o denominador comum passa obrigatoriamente pela cultura científica, pela curiosidade do querer conhecer e perceber que tudo o que é importante tem rapidamente que se tornar interessante.

Conclusão: Não existem pessoas inteligentes mas sim pessoas bem informadas...
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