segunda-feira, agosto 14, 2006

Operário arrasa Einstein

Relatividade em causa

João Saramago / R.A.C.
correio da manhã 14/08/2006

Em Junho de 1905, Albert Einstein deu a conhecer a Teoria da Relatividade ao Mundo. Nestes 101 anos, centenas de investigadores e autodidactas contestaram a famosa equação E=mc2. Entre eles surge agora um operário de Ílhavo que afirma existirem “diversos erros na teoria do físico”.

António Saraiva explica que ao fim de 25 anos de intensa investigação conseguiu construir “uma nova teoria que permite unificar a Teoria da Relatividade com a mecânica quântica”. Uma proeza “nunca alcançada”, diz.

Para provar que os seus modelos matemáticos estão correctos, a António Saraiva falta-lhe apenas realizar uma viagem num avião capaz de voar a 900 quilómetros/hora munido de um pequeno aparelho chamado ‘interferómetro laser diferencial’.

Quando Einstein deduziu a equação E=mc2 (a energia é resultado da multiplicação da massa pela velocidade da luz ao quadrado) levantou a possibilidade de transformar um pouco de matéria em quantidades enormes de energia, capazes de criarem uma arma mortífera. Os seus estudos, involuntariamente, estiveram na origem da bomba atómica, que em Agosto de 1945 arrasou Hiroshima e Nagasaki.

Para António Saraiva, a contribuição de Einstein “não pode, no entanto, ter tido tal alcance porque a sua Teoria da Relatividade baseou-se em postulados errados”.

“É errado dizer que Einstein foi decisivo para a criação da bomba atómica”, diz, contrariando a célebre frase do físico alemão: “Se eu soubesse que iam fazer a bomba, tinha sido sapateiro.”

Saraiva discorda do postulado de Einstein da “constância da velocidade da luz” e afirma que “a velocidade da luz varia de acordo com a velocidade do emissor e do receptor”. O técnico industrial também discorda do físico alemão sobre “a existência de laboratórios fechados em que não é permitido distinguir o estado do movimento do repouso”. “A posição de Einstein não faz sentido, porque não se pode parar a força da gravidade”, defende.

“Perante estes erros, a Teoria da Relatividade deixa de funcionar para as partículas subatómicas e, por isso, não consegue unificar-se com a mecânica quântica”, diz.

Mas António Saraiva diz ter descoberto o modelo matemático que permite conciliar a relatividade com a mecânica quântica – área da Física que estuda o movimento específico de partículas muito pequenas, ou seja, ao nível microscópico.

“A fórmula encontrada”, defende, “visa uma explicação unificada de todos os mecanismos das quatro forças da natureza: electromagnética, forte (protões e neutrões), fraca (posões WIV) e gravidade”.

Para elaborar as conclusões da sua teoria, António Saraiva precisa agora de um avião para testar raios de luz num interferómetro, devido “à velocidade elevada do avião e à existência de velocidade reduzida”.

O objectivo do voo é simples: “Provar que os raios de luz atingem velocidades diferentes.”

PERFIL

António José Saraiva nasceu a 28 de Outubro de 1960, em Ílhavo. Com o 11.º ano de escolaridade, concluiu depois o curso geral de pilotagem da Escola Naútica. Divorciado e com um filho, exerce a profissão de técnico de electrónica. António José Saraiva tem o seu trabalho publicado no endereço da internet do físico canadiano de origem russa, Walter Babin (www.wbabin.net). O gosto pela física surgiu aos 18 anos, na escola. Desde então, não mais parou na tentativa de desvendar aquilo que diz serem os erros da teoria de Einstein.

Nos últimos dois anos criou um interferómetro. Um aparelho com cerca de 50 centímetros de comprimento e 30 de largura, com o qual, sentado no banco de um passageiro de avião, pretende provar que a velocidade da luz não é constante. Para isso, é criado no aparelho um fio emissor de raios lazer que bate num espelho e divide a luz em várias direcções. O aparelho conta ainda com dois detectores fotoeléctricos que detectam a luz. Num tempo de microsegundos são observadas variações na velocidade.

António Saraiva diz que ao longo destes anos consultou centenas de trabalhos científicos pelo que entende não ser necessário a licenciatura em Física.

PORTUGUÊS ABALA ALICERCES DA FÍSICA

A contestação da Teoria da Relatividade já trouxe celebridade mundial a um português: João Magueijo de seu nome, investigador de Física no Imperial College de Londres. Com a Teoria da Velocidade da Luz Variável, João Magueijo publicou, com 36 anos, o livro ‘Mais Rápido do que a Luz’, em 2004.

A polémica foi tanta, ou tão pouca, que as primeiras dez mil cópias do livro foram literalmente destruídas, acabando o livro a ser reescrito por advogados. A ideia foi a de retirar as expressões mais excessivas. É que, ao questionar o postulado de que a velocidade da luz no vácuo é constante (300 mil quilómetros por segundo) e ao admitir que em certas condições ela poderá ser mais rápida, João Magueijo abala os alicerces de toda a Física Moderna, obrigando a reescrever a História da disciplina. Até aqui, o trabalho tem sido o de convencer os pares, cientistas, a aceitarem a teoria como séria e a sujeitá-la a provas experimentais.

QUEM FOI O CIENTISTA

Albert Einstein nasceu na Alemanha em 1879 e morreu nos Estados Unidos em 1955. A Teoria da Relatividade alterou as concepções vigentes, no início do século passado, sobre o tempo e o espaço. Ganhou o Prémio Nobel da Física de 1921 pela correcta explicação do Efeito Fotoeléctrico. Após a formulação da Teoria da Relatividade, Einstein tornou-se mundialmente famoso, à época algo pouco comum para um cientista.

Em Portugal, o professor António Santos Lucas foi um dos primeiros do Mundo a dar aulas sobre a Teoria da Relatividade, a partir de 1922. Nos anos 30, Gago Coutinho (anti-relativista) e Ruy Luís Gomes não se entendiam sobre a Teoria. Einstein foi nomeado sócio da Academia de Ciências de Lisboa, em 1932, e trocou correspondência com o físico António Gião.

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